Depois de anos
distante, tento recordar os tempos que vivi no seminário de Luzerna, como
vivíamos, num paraíso, e como vejo hoje, a vida nos seminários.
Pensei em ser professor
de latim e musica, motivo pelo qual passei os primeiros anos como padre no
seminário de Luzerna.
Naquela casa, formamos
uma equipe de frades bem entrosada e fraterna, exemplo para os seminaristas.
Nossa vida era entremeada de ação e contemplação, dentro e fora do seminário.
Nas horas de estudo dos
alunos, quando o silencio baixava em recolhimento, tínhamos o privilégio de
degustar momentos de contemplação que deixaram saudades.
Apesar dos trabalhos
internos, consegui fazer trabalhos pastorais, nos finais de semana, com o povão
local, ocasião que levava seminaristas para que tomassem gosto da
evangelização.
Vivíamos em contato com
o povo e este participava de nossa vida. Foram muitas as ocasiões de torneios
de futebol entre o seminário e as capelas do interior, quando crescia o
conhecimento com muitas pessoas.
Nas ocasiões de
aniversários e festas, com grupo de seminaristas íamos, na calada da noite,
fazer serenatas pelas ruas da vila ou nas famílias onde se comemorava os
aniversários. Assim, com o pouquinho que dávamos, fazíamos felizes muitas
pessoas.
Dirigindo o coral do
seminário, fizemos varias excursões pelas cidades do oeste (Jaborá, Herval,
Joaçaba, Xanxerê, Porto União, etc,) transmitindo a arte e cultura desenvolvida
no seminário.
As concelebrações de fé
eram pontos altos de expressão e convicção do ideal de todos os jovens. Nestas
horas participávamos individualmente com o povo ou com a colaboração do coral,
ou mesmo com um conjunto de instrumentos musicais que criáramos. Essa era a
forma de entrosamento como os leigos, com o povo que, com a amizade nos
fortalecia e com o incentivo nos animava.
Era uma comunidade
consciente de que precisava participar na formação de futuro padre. A educação
e formação era responsabilidade conjunta; Mesmo quando acontecia algum namoro,
a comunidade leiga, os pais participavam do esclarecimento e da orientação dos
jovens.
Hoje, como vejo os
seminários?
Vive-se no seminário um
mundo bonito e harmônico, MAS DISTANTE DA REALIDADE DA VIDA DO POVO; DO GANHA
PÃO, DA LUTA PELA VIDA, PELO ESTUDO, POR CASA, POR TERRA, POR EMPREGO, ETC...
HOJE VEJO QUE A
EDUCAÇÃO E FORMAÇÃO DO PADRE PRECISA SE PROCESSAR JUNTO A DUREZA DA VIDA DO
POVO. O POVO CONVERTE O PADRE NÃO SE CONVERTE EM PASTOR SE NÃO SENTIR A DOR DO
POVO.
Fica em mim, no
entanto, a experiência de um tempo de vida que parecia não haver problema
algum. Tudo era bonito e harmonioso.