quarta-feira, 17 de outubro de 2012

FRANCISCANOS QUE FAZEM HISTÓRIA



      
                  
 A contribuição dos franciscanos para o desenvolvimento do raciocínio crítico, pautado em valores cristãos, dos descendentes europeus que migraram para esta região do Alto Uruguai Catarinense, é fato que não se pode ignorar. No lombo de burros, com sacrifício imensurável, vieram a estabelecer no inícios dos vilarejos locais, uma pedagogia fundamentada nas parábolas de Jesus: da compaixão, do perdão, da acolhida aos perdidos, da ajuda aos necessitados. No centro das pregações o amor a Deus,  “amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, com toda a tua alma, com toda a tua mente e com todas as tuas forças”, mas, também, e muito especialmente, o amor ao próximo,  “amarás o teu próximo como a ti mesmo” (Marcos 12, 29-31). Cientes de que “não há outro mandamento maior do que estes”, sem o carisma e a vocação destes missionários, é bem provável que a nossa evolução não tivesse sido a mesma. De forma que a dívida que o nosso povo tem para com eles, os franciscanos, me parece possível de pagar, somente vivendo os seus ensinamentos. Dentro deste contexto, impressiona a atual missão franciscana, através do professor Dionísio Ricieri Morás, em curso teológico que mergulha em temas fundamentais à sobrevivência da humanidade e do nosso município. Ecoteologia propõe uma reflexão de cunho teológico a respeito da ecologia e se impõe como conteúdo curricular necessário diante dos problemas que nós seres humanos causamos à nossa casa comum, a terra.
 Aprofundando uma nova concepção de ser cristão no mundo atual, o curso enfrenta temas como moral e bioética e  pergunta, com lastro em Jean Claude Guillebrand: afinal, somos homens, animais ou máquinas? No centro desta nova proposta,  a idéia básica, que perdura neste período em que passamos de vilarejo para cidade do século vinte e um, é a de criar capacidade crítica. Com ela,  homens, mulheres e jovens fiéis deixam de ser massa de manobra capitalista consumidora e bonecos manipulados por cordãos de pregações alienadoras e massificadoras e, de sobra, conquistam uma verdadeira emancipação intelectiva. Ouvindo este mestre da Província Imaculada Conceição do Brasil, que privilegia Concórdia com suas palestras, se percebe uma reeleitura dinâmica da proposta de Jesus, quando fala de amor a Deus, e de rearticulação evangélica quando fala de amor ao próximo, porque a terra, além de ser nossa morada, também é criação divina.
 Preciosa presença entre nós, oxalá nossas lideranças empresariais, governamentais e da sociedade civil participassem ativamente destas necessárias palestras de Dionísio Ricieri Morás. Com elas,  se recusariam a serem guiadas pelas mãos da ignorância e da tragédia socio ambiental que degrada e destrói a mata, a flora e a fauna  do município em que vivemos. Os caminhos da nova ética, ensina o franciscano, exige uma ética pública, uma ética na área da política cujo debate deve reencontrar a dignidade no exercício da justiça pública, ou no dizer de Santo Agostinho: “removida a justiça, o que são os reinos, senão um bando de ladrões?”
Pensamento da semana: “No Brasil a mentira tornou-se tão habitual que virou sinônimo de política.” (paletra de Dionício Ricieri Morás).

E-MAIL DE FREI DIONÍSIO: Cesar, Estou agradecendo a tua preocupação com a realidade que nos rodeia. Agradeço porque voce está repassando para um público mais numeroso o que eu tentei, de uma forma simples, mostrar possíveis caminhos que nos levem à realização de nossa missão aqui na terra, que não é apenas para dar peso à terra. Se eu falo baixo voce está sendo meu altofalante. "o que vos digo ao pé do ouvido, publicai-o do alto dos telhados.' Obrigado césar.

Dionisio

ricieridionisio@hotmail.com