quarta-feira, 24 de julho de 2013

PAPA FRANCISCO: JESUÍTA EM PEREGRINAÇÃO


Cesar Techio
Economista – Advogado

  Jorge Mario Bergoglio SJ, chefe de estado do Vaticano e da Igreja Católica não é “Papa” na vetusta concepção que lhe empresta a tradição. Por trás das vestes brancas, simples como um lençol, veste a batina preta da humildade, disponibilidade e serviço por um cristianismo autêntico, estreitamente vinculado à pessoa de Jesus Cristo e que honra as etapas da formação jesuíta que recebeu na juventude: exercícios espirituais, trabalhos humildes em casa, serviço gratuito aos doentes, vivência apostólica em meio aos pobres. As raízes da formação jesuíta, após o noviciado, concluído com votos perpétuos de pobreza, castidade e obediência, mergulha profundo na filosofia, magistério e teologia em preparação para o sacerdócio. Somente depois de um período de vida apostólica vem a terceira provação para incorporação definitiva na Companhia de Jesus e após, mestrado e doutorado. Adotando o nome de Francisco, Jorge Mario Bergoglio S.J. aceitou a missão de se tornar  Papa, não por sede de poder, pois mesmo sendo cardeal de Buenos Aires fazia sua própria comida, andava de ônibus e metrô, e vivia num quarto simples. Tão inteligente quanto humilde, chegou para Jornada Mundial da Juventude (JMJ) carregando a própria mala e, no Brasil, em pobreza e humildade reiniciou a peregrinação jesuíta dos primeiros tempos. Por isso, a juventude brasileira e mundial tem nele um grande exemplo de vida, um norte a seguir, uma estrela guia na vocação de ser feliz e de se realizar como pessoa humana a serviço da humanidade.

  Esta mesma juventude é defendida por ele diante do poder político dos países, conforme fortes palavras proferidas ao ser recebido pela presidente do Brasil: “A nossa geração se demonstrará à altura da promessa contida em cada jovem quando souber abrir-lhes espaço: tutelar as condições materiais e imateriais para o seu pleno desenvolvimento, oferecer a ele fundamentos sólidos, sobre os quais possa construir a vida, garantir-lhe segurança e educação, para que se torne aquilo que pode ser”. No alto dos seus 66 anos de idade, Jorge Mario Bergoglio SJ, passou a ser o maior interlocutor a nível mundial dos pleitos da juventude, lembrando que estamos fazendo com os jovens o que fazemos com os idosos: “Estamos acostumados com uma cultura descartável. Fazemos isso com frequência com os idosos e, com a crise, estamos fazendo o mesmo com o jovem. Precisamos de uma cultura de inclusão”. “É verdade que os jovens são o futuro do povo, porque têm energia. Mas eles não são os únicos que representam o futuro. Os idosos também, porque têm a sabedoria da vida.”

  E que não se enganem os poderosos. O Papa Francisco continua jesuíta, como sempre foi e continuará sendo até o último dia de sua vida, sem distração, sem contemporizar ou negociar com os que pensam e vivem em confronto com os ensinamentos de Jesus e, anotem, viverá em permanente conflito com fariseus, aristocratas, egoístas e com a ordem econômica e política mundial excludente. A guinada da igreja católica, sob as luzes jesuíticas de Francisco, confia numa religião humanista, numa fé saudável, no amor humano e em decisões governamentais de inclusão sócio econômico de jovens, idosos, operários e do povo sofrido; confia num sistema de partilha e de justiça que permita a todos viverem com dignidade e como filhos de Deus.

Pensamento da semana: “É verdade que a crise global não tem sido suave com os jovens. Li, na semana passada, quantos deles estão sem trabalho e acho que estamos correndo o risco de criar uma geração que nunca trabalhou”. Papa Francisco.

domingo, 21 de julho de 2013

"FORA DA ORDEM - DO CLAUSTRO AO MUNDO SECULAR" - ANTONIO CARLOS BÔA NOVA



Registro do lançamento do livro "Fora da Ordem - Do Claustro ao Mundo Secular " do autor Antonio Carlos Bôa Nova, na Livraria Martins Fontes da Paulista dia 16/07/2013.
SOBRE O LIVRO:
Em pleno século XX, muitos jovens recebiam nos seminários uma educação segregada e rígida, como se estivessem nos tempos da Contrarreforma. Anos depois, desligados do seminário e da vida religiosa, eles tiveram que se adaptar ao mundo contemporâneo.
O livro se baseia em pesquisa sobre a inserção de ex-religiosos na vida civil, após vários anos de claustro. Para isso, foram entrevistados ex-jesuítas que deixaram a Ordem nos anos 60 e 70, tendo recebido sua formação no período anterior às aberturas do Concílio Ecumênico. Eles falaram sobre a experiência de seminário e de vida religiosa, a adaptação pós-saída e a atual atitude para com a Igreja, a fé cristã e a religião.
      
Prezado Cesar 

Gostaria de noticiar a você, e em geral aos ex-franciscanos, que acabo de lançar o livro Fora da Ordem: Do claustro ao mundo secular. Ele resulta de pesquisa que fiz com o intuito de verificar como foi que ex-religiosos – no caso, ex-jesuítas – se adaptaram à vida civil.
Na pesquisa, entrevistei ex-jesuítas que deixaram a Ordem nos anos 60 ou 70 e que haviam tido sua formação no período anterior ao Concílio. As entrevistas focalizaram a experiência daqueles tempos, a adaptação pós-saída e a atual atitude para com a Igreja, a fé cristã e a religião.
Creio que os relatos que aparecem no livro têm pontos comuns com as experiências de vida dos que estiveram em seminários de diferentes congregações religiosas, como os ex-franciscanos, bem como em instituições diocesanas.
Espero, assim, trazer uma pequena contribuição para o entendimento do modo como a Igreja tradicionalmente formava seus quadros – com os pontos positivos daquela pedagogia e também suas limitações. Ficarei agradecido pelo apoio no sentido de que sua existência se torne conhecida pelos que poderão ter interesse em lê-lo.
Se você souber de outros interessados no tema, Fora da Ordem pode ser adquirido nas grandes redes de livrarias ou então no próprio site da área comercial da editora (http://http://www.educaredistribuidora.com.br/2072-fora-da-ordem.html/2072-fora-da-ordem.ht).

Saudações cordiais
Antonio Carlos Bôa Nova
Sociólogo (São Paulo).


quinta-feira, 4 de julho de 2013

JOSÉ EDUARDO MANZO - VISITA AO SEMINÁRIO SANTO ANTONIO DE AGUDOS - SP

Caríssimo
Cesar Techio!
Acabo de chegar de Agudos, onde passei a manhã no inesquecível seminário Santo Antonio.
Quanta emoção, andar pelos longos corredores nas três alas!
A missa, celebrada pelo Frei Walter Hugo!
O velho frei Mario, professor de química - não me reconheceu, mas isso não tem importância, afinal, 30 anos é um pouquinho mais do que trinta dias, não é verdade?
Quase fui às lágrimas ao visitar o cemitério. Cada cruz, um rosto amigo de quem trabalhou espalhando paz e bem e agora repousa junto ao Criador.
Pena que não levei uma máquina fotográfica para documentar a visita...
Agora, o que senti falta foi o do barulho da molecada os piás correndo, jogando bola, etc. Só trabalham agora com vocações adultas e eles chegarão só no segundo semestre. Que vazio!
Cesar, não lhe mandei ainda as fotos que havia prometido pois não consegui encontrá-las ainda, devem estar no fundo de alguma gaveta, sei lá...
Bom final de domingo, amigo.
Paz e bem!
José Eduardo Manzo
Bauru, 30/06/13

quarta-feira, 3 de julho de 2013

PARTIDOS E MOVIMENTOS: O GRITO DA CONSTITUIÇÃO


Cesar Techio
Economista – Advogado


                   A ideia de supressão dos partidos políticos não se alinha com a necessária representação pelas demandas sociais que só podem ocorrer através de modelos de representatividade organizadas, ou seja, através de partidos políticos. A vontade de diminuir ou de mitigar o peso da influencia dos partidos sobre a vida política do país e dos cidadãos anda na contramão de soluções organizadas que podem viabilizar o alargamento das margens de participação popular no que realmente interessa: decisões partidárias que se refletem nas decisões dos representantes do povo. Candidaturas livres e sem fiscalização partidária que imponha a obrigação de fidelidade aos compromissos assumidos em campanha, tendem a se firmar como aventuras por trás das quais sempre existirão grupos específicos de interesses coorporativos, livres das amarras disciplinares, principiológicas, filosóficas e doutrinárias dos partidos políticos. Sem os partidos políticos é impossível estabelecer, de forma viável, padrões de racionalidade baseados no cumprimento das obrigações com a população.

                   Se, os movimentos de rua expressam demandas de conteúdos variados, como por exemplo, morais, políticos, econômicos, culturais, etc., também é preciso considerar que estes valores já se encontram normatizados, na condição de princípios, na própria Constituição Federal. São valores positivados, na condição de normas pétreas que devem obrigatoriamente dirigir a vida do país e dos cidadãos. Ora, os gritos dos cidadãos em frenético movimento pelas ruas, aqui no Brasil, apenas reproduzem os gritos da própria Constituição, a qual apresenta programas e objetivos que impõem a concretização destes valores em favor da dignidade humana no dia a dia da vida do povo.

                   Na realidade, são direitos fundamentais que exigem a realização de um modelo de democracia que deve valorizar mais o seu componente substancial e menos o formal, como meio de concretização. Os gritos de ordem das massas, assim como os princípios constitucionais gritados pela Constituição Federal, também exigem uma democracia participativa, ajustada a cada situação e legitimada pela vontade popular em eleições livres, ordenadas e disciplinadas. Esta participação somente pode ocorrer quando os cidadãos que integram os movimentos, também participarem dos partidos políticos na condição de fermento de qualidade moral e ética, inseridos na massa da política representativa. Esta solução pode fazer a diferença na construção de partidos políticos mais empenhados na efetividade dos princípios constitucionais. A filiação partidária é expressão ímpar de cidadania e a participação popular nos partidos políticos, (com a mesma disposição que se observa nos protestos de rua) é o caminho mais eficiente para mudar os rumos da vida política no país. Afirmar que a política é suja e que os políticos são sujos (porque realmente muitos são mesmo) e simplesmente permanecer no estágio de protesto de rua é muito pouco para mudar o Brasil. Suprimir o sistema de representação partidária, nesta linha, é um verdadeiro tiro na água.  A verdade é que não adianta jogar a massa fora. É preciso colocar fermento nela para que cresça em qualidade, efetividade ética, honestidade, moral e sacie a fome por justiça social.  A habilidade para lidar com as diferenças geradoras de conflitos de classe, de desequilíbrios econômicos, de concentração de renda, de misérias e carestias é o primeiro desafio exigido das pessoas que participam dos movimentos populares. Serem fermento na massa é o segundo.


Pensamento da semana: Filiar-se a um partido político para fazer a diferença. Eis a questão.