Cesar Techio
Economista – Advogado
Era só o que faltava. Além da grave crise econômica que está matando os
brasileiros, frigoríficos, cooperativas e outras empresas do setor
agroindustrial estão contratando, a todo o vapor, trabalhadores estrangeiros
num absurdo desprezo à mão de obra nacional. Segundo o IBGE, neste mês de maio
de 2015, a taxa de desemprego chegou a 7,9% chegando a 8 milhões de
trabalhadores desempregados. E isso num quadro no qual 50% buscam a
sobrevivência de suas famílias na informalidade, ou seja, sem carteira de
trabalho assinada, sem FGTS, sem previdência social, habitando em favelas ou em
sub-habitações. Todo mundo sabe, que para contratar mão de obra estrangeira é
preciso que os empregadores comprovem ao Ministério do Trabalho e Emprego, real
necessidade, uma vez que a prioridade é contratar e manter o emprego de
trabalhadores nacionais.
Desconsiderando esta realidade, a absorção de mão de obra estrangeira braçal
segue uma lógica capitalista exploradora, impiedosa, altamente prejudicial ao
desenvolvimento do país, na medida em que mantém os níveis salariais baixos e
gera desemprego. Portanto, acaba com o poder de compra, detonando a demanda por
produtos e serviços, o que gera queda na produção e mais desemprego, num efeito
dominó. O caos já se instalou na Europa, que é rica. Aqui, num país pobre e de
terceiro mundo, a mão de obra importada (braçal e desqualificada), veem se
somar a miséria e a pobreza já existente. Não se trata, portanto, de xenofobia
(aversão ou antipatia aos estrangeiros), mas de perceber que o nosso país deve,
em primeiro lugar, resolver o problema do desemprego, da informalidade e da
miséria dentro de suas próprias fronteiras para somente depois tentar resolver
o problema dos outros.
É papo furado, pura falácia, a justificativa de que brasileiros não querem
trabalhar em atividades pesadas, em condições antiergonômicas ou em atividades
laborais exigentes de frigoríficos. Basta pagar um salário justo, para
que a mão de obra brasileira seja abundante. Todo mundo sabe que
agroindústria é o setor da economia que mais agrega valor na cadeia produtiva,
desde o produto “in natura” até o produto final. Portanto é o setor que possui
maior capacidade para gerar renda, emprego, criar riquezas e impactar
positivamente a economia. Também é o setor que pode pagar melhores salários e
promover de forma mais intensa a inclusão social de brasileiros com carteira
assinada. Portanto é o setor que mais pode melhorar a qualidade de vida das
famílias e da sociedade como um todo.
Mas, contratando mão de obra braçal estrangeira a agroindústria e outros
setores geram um grave problema social interno, uma sociedade miserável em
detrimento da manutenção de seus altos lucros. E atrasam o desenvolvimento do
país, porque a mão de obra nacional tem a força de permitir aos brasileiros e
suas famílias, ascensão social, acesso aos bens de consumo, à propriedade
privada, além de dinamizar a economia. Obviamente que parcela dos que contratam
mão de obra braçal estrangeira não estão nem aí para essa realidade. Motivo
pelo qual é hora do consumidor optar por consumir produtos feitos com 100% de
mão de obra nacional.
Pensamento da semana: Consumidor: proteger a mão de obra nacional passou
a ser questão de sobrevivência do país e de segurança social.
(Foto utilizada: O Globo.Dizeres de responsabilidade do autor)