sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

SEMINÁRIO DE AGUDOS: O INÍCIO



"Todos os que já passaram pelo velho seminário de Rio Negro terão lembranças da antiga RVPSC - Rede Viação Paraná Santa Catarina -, em especial do famoso 'misto' que, em teoria, saía cada dia às 5h10 da manhã da Estação de Mafra. Em Engenheiro Bley a gente podia baldear para o trem que vinha de Curitiba e que, no dia seguinte, a uma hora um tanto imprevisível, entrava na estação da Sorocabana, em São Paulo. O 'misto' que, na madrugada de 31 de janeiro de 1950, arrancava de Mafra com dois vagões de passageiros a mais, pode merecer algum destaque nos anais da Província. Levava nestes dois vagões quatro padres e 70 alunos em mudança para Agudos. Em Engenheiro Bley os dois vagões foram engatados no trem paulista que vinha de Curitiba.Frei Onésimo Dreyer, professor em Agudos desde o início, reitor por longos anos do seminário, mestre de Física, matemática, astronomia fala deste período.
A locomotiva estranhou o peso adicional e o trem foi atrasado. Em Iperó, o trem São Paulo-Ourinhos recebeu os dois preciosos vagões e os puxou, sem muito esforço adicional, até Juquiratiba, ao pé da serra de Botucatu, porque até lá a linha estava eletrificada. Neste trecho acabou o chimarrão, porque a gente não podia mais buscar água quente na locomotiva em troca de cigarro de palha para o maquinista. Para lá de Juquiratiba, outra vez com máquina a vapor, o trem atrasou mais duas horas na subida de serra. Afinal, no dia 1° de fevereiro, às 10 horas da noite, apareceu a primeira luz de Agudos. O povo, aglomerado na estação, soltava foguetes. O prefeito da cidade Pe. João Batista de Aquino fez inflamado discurso de boas-vindas.

Frei Cipriano Chardon, que já nos estava esperando em Agudos, retribuiu a saudação e os 70 jovens, empoeirados e famintos, mas dispostos a enfrentar qualquer coisa, entoam seu canto predileto daquele tempo: 'Nós dobramos a nossa alma...' Os quatro padres que acompanharam o grande êxodo foram: Frei Vito Maria Wiltgen, Frei Onésimo Dreyer, Frei Beraldo Fleddermann e Frei Hildebrando Hafkemeyer. Em Agudos já se achavam Frei Cipriano Chardon e Frei Tadeu Hoenneghausen, além de Frei Rufino Ueter, e um grupo de seis estudantes para arrumar a casa, entre eles: Francisco Roldo, Honorato Devigili e Antônio Lorenzetti.
Igualmente já estava a postos uma seleta equipe de irmãos: Frei Mansueto Schoettler, alfaiate; Frei Anselmo Thiele, padeiro; Frei Honório Schiffer, hortelão; frei Valdomiro Pazzini, marceneiro; Frei Mário Araújo, cozinheiro; Frei Guido Tomiosso, copeiro; e Frei Tarcísio Bonetti, sapateiro e sacristão. Poucos dias depois chegaram também outros dois padres que o definitório havia transferido para Agudos: Frei Álvaro Machado da Silva e Frei Columbano Gilbert. Frei Cipriano foi o primeiro Diretor do Seminário e superior da comunidade, que se compunha de 9 padres e 7 irmãos.
A gente foi se ajeitando na nova casa. Cozinha, copa, refeitório, algumas oficinas e um dormitório já estavam mais ou menos prontos. Como Capela servia a atual sala de recreio da 1ª ala, aliás única ala que estava em pé. Como não havia bancos, as caixas que vinham os ladrilhos de São Paulo serviam de genuflexório individual. As mesmas caixas, colocadas em pé e encostadas na parede do corredor, serviam de biblioteca no primeiro ano. Não existia uma dúzia de chuveiros. Alicerces estavam se abrindo por toda parte, betoneiras estavam roncando debaixo das janelas, preás de dia, gambás de noite passeavam pelos corredores. A samambaia começava logo para lá das salas de aula, infestadas de moscas e vespas. Mas uma pitada de orgulho enchia os moradores, uma grande vontade de fazer desta obra de nossa Província um sucesso.
No dia 19 de fevereiro, Dom Frei Henrique G. Trindade veio de Botucatu para benzer a nossa casa. Foi solene a bênção, assistida pelo vigário de Agudos Mons. José Maria da Silva Paes, pelo prefeito Pe. João Batista de Aquino, pelo vice-provincial Frei Heliodoro Mueller, pelo Dr. Joaquim Bezerra da Silva e pelo mestre-de-obras Sr. Armando Carrara. Houve até uma carta do Miniatro Geral da nossa Ordem. A nota destoante foi o temporal que desabou no meio da bênção, obrigando todo mundo a uma corrida pouco litúrgica à procura de algum canto protegido. Três dias mais tarde, na manhã de 22 de fevereiro do Ano Santo de 1950, iniciamos as aulas".

Fonte: http://www.seminario.org.br/historico/03.php

Nota: Conheci os frades, nomes em negrito acima. Frei Onésimo foi meu professor de matemática e física. Frei Cipriano faleceu em Concórdia - SC, em 1975 e está enterrado no cemitério municipal da mesma cidade.

quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

APLAUSOS E GRATIDÃO A FREI TARCÍSIO THEEIS

Cesar Techio
Economista – Advogado
      
Foto: Jornal JM Jornal Metas de Gaspar - SC            
  
     Ao ouvir a Nona Sinfonia de Beethoven sempre tenho presente em minha memória a figura de um dos mais extraordinários mestres que conheci na juventude e o quão vigoroso e cheio de ideais foi aquele tempo de seminário, um dos mais belos da minha vida. Orientador, professor de música e regente do coral, seu vasto conhecimento e esforço na formação moral, disciplinar e cultural dos seminaristas, lembravam a figura de Ludwig van Beethoven e de sua história de superação diante das adversidades. Surdo, se tornou o maior compositor da história. Dizia ele: “A música é o vínculo que une a vida do espírito à vida dos sentidos. A melodia é a vida sensível da poesia”.

                   Adolescentes ainda surdos para a música, nos fazia conhecer composições que inebriavam a alma. Em discos de vinil, ouvíamos o inesquecível “Quatro Estações” do italiano Antonio Vivaldi; o “Danúbio Azul” de Johann Straus; a Sinfonia Nº 40 de Wolfgang Amadeus Mozart; a “Música Aquática” de Frideric George Haendel; os movimentos da BWV 1060 de Johann Sebastian Bach; a maravilhosa “Valsa das Flores” de Piotr Ilitch Tchaikovsky; o polaco Frédéric Chopin com suas maravilhosas Valsa Minuto e Mazurca; Johannes Brahms com a Symphony No.3 Poco Allegretto  (a que mais me comovia), entre outras, rabiscadas no meu vetusto caderninho de música que ainda conservo como preciosa relíquia de um tempo que não volta mais, mas que ainda faz parte das minhas mais caras memórias.

                   Lembro-me da aguçada e reverente atenção às lições diárias e dos nobres sentimentos que elas carreavam aos nossos corações: fraternidade, compaixão, amor e respeito pela vida.  No hall central do seminário, grandes orquestras podiam ser ouvidas entre o jantar e a terceira hora de estudos do dia: Paul Mauriat, Ray Connif, Frank Pourcel e Billy Vaughn (que ouço enquanto escrevo estas linhas). “Asa Branca” e “Assum Preto” de Luis Gonzaga eram cantadas em festivais e em apresentações do coral. O estudo da história dos grandes compositores da musica popular brasileira era matéria obrigatória nas aulas de canto. Escolhi, em certo ano, Jucas Chaves, o “Menestrel Maldito”, e, por conta disso, ainda desato a rir das piadas e críticas ao “establishment” da década de setenta.

                   Soube recentemente, que Frei Tarcísio Theeis retornou à região onde nasceu, Belchior Alto - SC, para o aniversário dos seus cinquenta anos de vida religiosa. Na melodia dos parabéns, imagino todos os compositores e cantores das músicas que nos fez amar, cantando com o povo, para ele. E os pássaros em algaraviada em torno do nosso velho Seminário de Luzerna. E os aplausos de centenas de ex-seminaristas, em eterna gratidão. Aulas de canto, na grade curricular de nossas atuais escolas básicas certamente contribuiriam para uma melhor formação humana de nossa juventude, transviada num barulho infernal que, infelizmente, chamam de música...  


                                        Pensamento da semana: “Fazer aniversário é olhar para trás com gratidão e para frente com fé.” Rosaura Gomes. 

sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

FREI TARCÍSIO THEEIS celebra 50 anos de vida religiosa


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Frei Tarcísio Geraldo Theiss, 71 anos, retornou à comunidade Belchior Alto -SC, onde nasceu, para se encontrar com familiares e amigos. Na igreja lotada, Frei Germano Guesser, pároco da Paróquia São Pedro Apóstolo,
 e Frei José Lino Lückmann, que atualmente está em Lages, celebraram a missa.
Após a celebração, os convidados seguiram para um almoço de confraternização no
 Clube de Bocha do Belchior. 
Frei Tarcísio nasceu no dia 1º de abril de 1942, no bairro Belchior Alto.
 Ele é filho de João e Clara Theiss. Ele ingressou na Ordem dos Frades Menores
 no dia 19 de dezembro de 1962. Fez profissão solene no dia 15 de dezembro de 1967
e foi ordenado no dia 15 de dezembro de 1968, por Dom Querino Schmitz,
 na Igreja Matriz São Pedro Apóstolo, em Gaspar. 
Frei Tarcísio foi o Padre Orientador do Seminário São João Batista, em Luzerna - SC e
 lecionou no Seminário Santo Antonio de Agudos SP. Após, por  25 anos serviu a Deus no
 Estado do Mato Grosso. Hoje, está na Diocese de Lages. 

PARABÉNS !!!  E SAUDADES DOS EX-SEMINARISTAS 
PARA QUEM VOCE FOI EXEMPLO
 DE DISCIPLINA, RETIDÃO, RESPONSABILIDADE 
E DEDICAÇÃO AOS ESTUDOS E A DEUS.

Fotos: Jornal JM Jornal Metas de Gaspar - SC - O seu jornal de Gaspar