terça-feira, 20 de março de 2018

TEMPO BOM


Colaboração de Frei Tarcísio Theeis para o livro: “Seminário para Sempre”
                   


Depois de anos distante, tento recordar os tempos que vivi no seminário de Luzerna, como vivíamos, num paraíso, e como vejo hoje, a vida nos seminários.

Pensei em ser professor de latim e musica, motivo pelo qual passei os primeiros anos como padre no seminário de Luzerna.     

Naquela casa, formamos uma equipe de frades bem entrosada e fraterna, exemplo para os seminaristas. Nossa vida era entremeada de ação e contemplação, dentro e fora do seminário.

Nas horas de estudo dos alunos, quando o silencio baixava em recolhimento, tínhamos o privilégio de degustar momentos de contemplação que deixaram saudades.

Apesar dos trabalhos internos, consegui fazer trabalhos pastorais, nos finais de semana, com o povão local, ocasião que levava seminaristas para que tomassem gosto da evangelização.

Vivíamos em contato com o povo e este participava de nossa vida. Foram muitas as ocasiões de torneios de futebol entre o seminário e as capelas do interior, quando crescia o conhecimento com muitas pessoas.

Nas ocasiões de aniversários e festas, com grupo de seminaristas íamos, na calada da noite, fazer serenatas pelas ruas da vila ou nas famílias onde se comemorava os aniversários. Assim, com o pouquinho que dávamos, fazíamos felizes muitas pessoas.

Dirigindo o coral do seminário, fizemos varias excursões pelas cidades do oeste (Jaborá, Herval, Joaçaba, Xanxerê, Porto União, etc,) transmitindo a arte e cultura desenvolvida no seminário.

As concelebrações de fé eram pontos altos de expressão e convicção do ideal de todos os jovens. Nestas horas participávamos individualmente com o povo ou com a colaboração do coral, ou mesmo com um conjunto de instrumentos musicais que criáramos. Essa era a forma de entrosamento como os leigos, com o povo que, com a amizade nos fortalecia e com o incentivo nos animava.

Era uma comunidade consciente de que precisava participar na formação de futuro padre. A educação e formação era responsabilidade conjunta; Mesmo quando acontecia algum namoro, a comunidade leiga, os pais participavam do esclarecimento e da orientação dos jovens.   

Hoje, como vejo os seminários? 

Vive-se no seminário um mundo bonito e harmônico, MAS DISTANTE DA REALIDADE DA VIDA DO POVO; DO GANHA PÃO, DA LUTA PELA VIDA, PELO ESTUDO, POR CASA, POR TERRA, POR EMPREGO, ETC...

HOJE VEJO QUE A EDUCAÇÃO E FORMAÇÃO DO PADRE PRECISA SE PROCESSAR JUNTO A DUREZA DA VIDA DO POVO. O POVO CONVERTE O PADRE NÃO SE CONVERTE EM PASTOR SE NÃO SENTIR A DOR DO POVO.

Fica em mim, no entanto, a experiência de um tempo de vida que parecia não haver problema algum. Tudo era bonito e harmonioso.




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