quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

LEONARDO BOFF A DIONÍSIO RICIERI MORÁS




















Cesar Techio - Economista – Advogado

cesartechio@gmail.com


Em aulas sucintas, porém de incalculável repercussão futura, enquanto instrumento de conhecimento apto ao discernimento da história, uma enxurrada de informações veio em tempo oportuno bater à minha porta. É que, “como aprendemos, também desaprendemos com o passar dos anos. Então é necessário voltar para a sala de aula”. Foi o que palestrou Dionísio Ricieri Morás, no alto de seus 65 anos de infatigável vida franciscana e de um extenso currículo que inclui mestrado e vivência em meio ao povo sofrido. Desfilaram, durante as palestras, conceitos doutrinários voltados à compreensão do homem e do mundo (visão cósmica e social). Enfoque sobre as civilizações agrícola, moderna, pós moderna e análise de fatos dentro do contexto social, cultural e intelectivo do próprio tempo histórico vivido. “Não podemos julgar a história com os conceitos de hoje.” Enquanto na antiga civilização a visão de mundo era estática, organicista, baseada no dualismo antropológico, na sacralização da natureza, no teocentrismo, no cosmocentrismo, na ética da Ordem, na submissão ao poder constituído, hoje, na atual civilização, vemos a história de forma sintética e sistêmica, carregamos uma concepção holística e global do mundo. Os conflitos da Igreja, com ênfase à oficialidade eclesiástica, passando pelos principais Concílios Ecumênicos, culminando com o período do Vaticano I e II; a história da Igreja no Brasil; a Inquisição; o sistema de Evangelização; movimentos missionários e seus ciclos; a igreja no regime militar; a nova visão de Medellin a Puebla; o papel da CNBB, entre outros, se constituíram em temas “quentes”, críticos e construtivos.

A nova moral, abordando enfoques como, humanismo, política, legislação, judiciário, casuísmos, libertação, violência, normativismo, consciência, educação, valores e práticas, é um convite para que “olhemos de frente este momento da história que nos é dado viver”. Chave de ouro, a conclusão do curso de teologia, de que a Moral Social ou Renovada: “tenta recuperar certos valores que a civilização tecnológica e a modernidade personalista, matou ou mascarou. A moral social considera o desenvolvimento, os avanços tecnológicos e científicos em vista do desenvolvimento integral do ser humano enquanto comunitário.” Sem descurar do pensar dialético, do “pensar cientificamente” e das demais ciências sociais para a análise da realidade visando descobrir novas saídas para as crises, Dionísio Ricieri Morás critica a substituição da vida pela imagem (foto, TV...) porque, segundo ele, não há mais convívio, apenas observação. E fulmina o desprezo pela alteridade (não se aceita o diferente); a corrupção política, econômica e judicial; o utilitarismo (se me serve aceito...); o assistencialismo em vez da libertação; a perda do senso crítico; a deteriorização das relações humanas e o embrutecimento do espírito.

A compreensão de Dionísio Ricieri Morás se harmoniza e se alinha com a de Leonardo Boff de que “O mal não está para ser compreendido, mas para ser combatido” (O despertar da Águia). Quando olho para a simplicidade, inteligência, sabedoria e trajetória de vida de Dionísio Ricieri Morás, me ocorre a figura de Francisco de Assis amansando o lobo e abraçando os leprosos.

Pensamento da semana: “Quando a estrada acaba não é o fim. Tem toda a distância percorrida que deve ser considerada. Você pode voltar”. Dionísio Ricieri Morás.