terça-feira, 19 de março de 2013

PAPA FRANCISCO: MAIS MISERICÓRDIA. DEFESA DO MEIO AMBIENTE E DOS MAIS FRACOS.


Papa pede defesa dos mais fracos e do meio ambiente em missa inaugural

                                                                                  PREGAÇÃO: 1hs29min.

Papa pede defesa dos mais fracos e do meio ambiente em missa inaugural
REUTERS
Por Philip Pullella e Catherine Hornby
(Fonte:http://noticias.br.msn.com)


CIDADE DO VATICANO, 19 Mar (Reuters) - O papa Francisco inaugurou oficialmente seu pontificado, nesta terça-feira, com um pronunciamento em que pregou a defesa do meio ambiente e dos mais fracos da sociedade, alertando que o caminho contrário leva à morte e à destruição.

Falando a cerca de 200 mil pessoas e muitos dignitários estrangeiros reunidos em um dia ensolarado na Praça de São Pedro, o papa argentino salientou a mensagem que tem sido constante desde sua eleição no conclave da semana passada: que a missão da Igreja é defender os pobres e os desprivilegiados.

Em conformidade com essa mensagem, a missa celebrada nas escadarias da gigantesca Basílica de São Pedro foi mais simples do que o esplendor barroco que cercou a inauguração do seu antecessor, Bento 16, em 2005.

A missão da Igreja "significa respeitar cada criatura de Deus e respeitar o ambiente em que vivemos. Significa proteger as pessoas, mostrar preocupação amorosa por cada pessoa, especialmente as crianças, os idosos, os necessitados, que muitas vezes são os últimos em quem pensamos", disse ele na homilia.

O argentino Jorge Mario Bergoglio assumiu o inédito nome papal numa homenagem a São Francisco de Assis, símbolo da pobreza, simplicidade, caridade e amor pela natureza.

O papa disse que, sempre que os seres humanos deixam de cuidar do meio ambiente ou uns dos outros, "abre-se o caminho para a destruição, e os corações se endurecem. Tragicamente, em cada período da história, há os Herodes que tramam a morte, causam a destruição e estragam o semblante de homens e mulheres."

A simplicidade demonstrada por Francisco, primeiro papa jesuíta, alimenta esperanças de mudança e renovação numa Igreja assolada por uma grave crise global.

"Ele é uma pessoa simples, humilde, não é como os papas intocáveis, ele parece alguém a quem as pessoas normais podem abordar", disse, no meio da multidão, o eletricista argentino Cirigliano Valetin, de 51 anos, que trabalha no sul da Itália. (...)

Em sua homilia, o novo papa pediu aos líderes mundiais que sejam "protetores uns dos outros e do meio ambiente". "Não nos esqueçamos que o ódio, a inveja e o orgulho maculam nossas vidas. Sermos protetores, portanto, significa também prestar atenção nas nossas emoções, nos nossos corações."

JIPE ABERTO
Antes da missa, ele percorreu a abarrota praça em um jipe branco aberto, abandonando o papamóvel à prova de balas usado com frequência por Bento 16.
O papa parou diversas vezes para cumprimentar algumas pessoas na multidão. Beijou bebês, e saiu do carro em um certo ponto para abençoar uma pessoa com deficiência.
Ele usava vestes brancas simples e sapatos pretos, em contraste com os luxuosos sapatos vermelhos que chamaram atenção quando usados por Bento. Ainda antes da cerimônia, ele recebeu seu recém-cunhado anel de ouro e seu novo pálio, uma faixa de lã a ser usada ao redor do pescoço, que fora colocada durante a noite sobre o túmulo de São Pedro, sob o altar da basílica.
A cerimônia foi realizada a partir de um altar sobre os degraus da enorme basílica, e também foi reduzida para duas horas depois de um serviço de três horas em 2005, quando Bento 16 começou seu pontificado.
Após a missa, centenas de padres --protegendo-se do sol em sombrinhas amarelas e brancas, as cores do Vaticano-- distribuíram a comunhão à multidão, enquanto Francisco os observava de um trono elevado atrás do altar.
Ele deixou a basílica em uma fila de cardeais que entoavam uma ladainha pedindo que o novo pontífice tenha ajuda de santos -- incluindo vários que foram papas.
A missa instalou formalmente Francisco como o novo líder dos 1,2 bilhão de católicos do mundo.
Seis monarcas e diversos líderes mundiais, como as presidentes Dilma Rousseff e Cristina Kirchner, da Argentina, e o vice-presidente dos EUA, Joe Biden, acompanharam a missa, em meio a cerca de 130 delegações instaladas numa área especial da escadaria.

Vários líderes de outras religiões também estavam presentes, como o patriarca Bartolomeu, de Istambul -- primeiro líder do cristianismo ortodoxo a comparecer a uma inauguração papal desde o Grande Cisma que dividiu o cristianismo ocidental e oriental, em 1054.

Após a missa, Francisco recebeu os líderes políticos no interior da basílica, mas na segunda-feira ele já teve seu primeiro contato com a diplomacia inerente ao cargo, quando Cristina lhe pediu apoio à reivindicação argentina sobre as Ilhas Malvinas, controladas pela Grã-Bretanha. O Vaticano não comentou essa solicitação.
Ele também acabaria por cumprimentar um pária internacional, o presidente do Zimbábue, Robert Mugabe, que desde 2002 está proibido de viajar à União Europeia por causa de acusações de fraude eleitoral e abusos aos direitos humanos. O Vaticano não é parte da UE, o que permitiu a Mugabe estar presente.
Na segunda-feira, o Vaticano apresentou o novo brasão de armas do papa -- semelhante ao que ele usava como arcebispo de Buenos Aires, com símbolos representando Jesus, Maria e José.
O lema do brasão será "Miserando atque eligendo" ("Tendo tido misericórdia, ele o chamou"), que vem de uma meditação de São Beda, um monge inglês do século 8º, a propósito de uma passagem do Evangelho em que Jesus convida São Mateus para se tornar apóstolo.

Em vários sermões e comentários desde sua surpreendente eleição como papa na quarta-feira passada, Francisco pediu às pessoas que sejam mais misericordiosas e menos propensas a condenarem falhas alheias.