domingo, 30 de dezembro de 2018

ISRAEL E BRASIL: CONTAGEM REGRESSIVA PARA UM NOVO TEMPO


Cesar Techio
Economista – Advogado

No início da década de 80, comprei numa livraria da Rua das Flores, em Curitiba, um raro livro, intitulado "CONTAGEM REGRESSIVA PARA O JUÍZO FINAL", de autoria de Hall Lin Dsey, editado e traduzido pela editora Mundo Cristão. O mesmo aborda a problemática árabe/judeu. Segundo o autor, Israel não tem mais o complexo de Massada, uma fortaleza, distante há alguns quilômetros do mar morto, da qual se tem uma belíssima vista de todo o oriente médio e na qual se passou um dos maiores dramas da história da humanidade.

Foi nesse local que, entre 66 e 73 da era Cristã, quase mil judeus entre crianças e mulheres, cometeram suicídio voluntário, antes de a fortaleza cair sob o jugo romano. O fato deu origem a um termo que traduz a persistência dos judeus em defenderem sua terra: o complexo de Massada. Segundo o Autor, Israel agora tem o complexo de Sansão. Caso for atacada e não houver saída, usará a bomba atômica para destruir os inimigos, mesmo que tenha que sucumbir junto com eles.

Tal tema me veio à mente, novamente, nesta virada de ano 2018/2019, com a visita do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu para a posse do Presidente Jair Bolsonaro.

O povo judeu, tanto perseguido e vítima de preconceitos em todo o mundo é, na realidade, digno de admiração pela sua história de bravura, heroísmo, inteligência, amor pela família, pela terra e vontade de trabalhar.

Este povo fantástico ingressou no meio do deserto e fez dele um oásis produtivo, mesmo diante de conflitos e guerras.

Deitando um olhar para nossa terra, tão pródiga, pacífica, fértil, com um clima maravilhoso e um povo tão afável e amoroso, em meio a incredulidade e indignação fico desconcertado com o perfil de conduta, formação e ideais dos nossos políticos. Qual deles defenderia o país até às últimas consequências? Quem colocaria os interesses coletivos e  interesse público acima da própria vida? Enfim, quem está, de fato, preparado para assumir funções de relevante interesse público, sem pensar no próprio bolso?

Nossas políticas públicas, leis e decisões legislativas produzem mais e mais impostos e se imiscuem na vida privada, controlando tudo (não só a economia, mas o fruto de nosso trabalho, nossos gastos, inclusive nossos pensamentos).

Sob o título “AMÉRICA LIVRE”, já escrevia em  5 de maio de 2009, no meu blog (https://cesartechio.blogspot.com/), forte protesto contra a visita de Ahmadinejad ao Brasil, um líder tão confuso quanto perigoso, que defendia a destruição de Israel abertamente, desenvolvia armas nucleares debaixo no nariz do mundo civilizado, negava o Holocausto, defendia a perseguição de minorias e a repressão das mulheres e dos homossexuais.

Protesto ao terror, como o patrocinado pelo Irã na Argentina contra a embaixada de Israel e contra o Centro Judaico Amia em 1994; protesto para dizer que a índole democrática do Brasil não podia legitimar representantes de países que apoiam o terrorismo, muito menos líderes tão funestos para a civilização e para a paz mundial.

Constatava, naquela data, que a diplomacia brasileira  ia de mal a pior, ao acenar para relações com países como o Irã e a Venezuela de Hugo Chaves, este que no dia 1º de maio (dia do trabalhador) visitava oficialmente aquele país, proclamando a reunião com Ahmadinejad (acreditem) como a reunião do "G2", em oposição ao G20.

Na visita ao Irã, Chaves afirmava que o FMI tinha que ser eliminado, classificando o Fundo e o Banco Mundial (Bird) como "ferramentas do imperialismo". Aliás, o “chavismo” venezuelano pregava para quem quisesse ouvir, o anti-semetismo, na linha do “Nosotros, los chavistas, despreciamos a los judíos y no reconocemos al Estado de Israel así como tampoco ninguna organización judía nacional e internacional”.

Lendo, pela rede, os principais jornais do planeta anunciarem a indignação mundial pela visita do presidente iraniano, custava acreditar que o Brasil ignorasse a história de Israel e admitisse em território brasileiro líderes antidemocráticos e ditadores que amedrontavam e preocupavam a América livre e os países civilizados.

E me perguntava estarrecido: Será que no desenho geopolítico e econômico internacional, não encontram as autoridades brasileiras, algum país civilizado e democrático para abrir novas relações comerciais, sociais, científicas, culturais ou o “raio que o parta”? Era só o que faltava, o governo brasileiro “passar a mão na cabeça” destes ditadores insanos, abrindo-lhes as portas para relações sabe-se lá de que natureza. A dúvida é oportuna, vez que são pródigos estes líderes negativos, em controvérsias, afrontas e ameaças aos países de regime aberto e representativo.

Nove anos depois, para minha imensa surpresa, BENJAMIN NETANYAHU, em visita ao Brasil para a posse do novo presidente Jair Bolsonaro, repetiu o que eu havia dito, que “É DIFÍCIL ACREDITAR QUE NUNCA TIVEMOS ESSE TIPO DE CONTATO NO PASSADO.”

Com certeza, é muito bom que o Brasil não ignore mais a história de Israel e aprenda a se afastar para sempre de líderes antidemocráticos e ditadores que amedrontam e preocupam a América livre e os países civilizados.

E que assim seja, nas palavras de BENJAMIM "BIBI:

“Queremos ser parceiros do Brasil nessa empreitada. A nossa cooperação pode trazer benefícios tremendos para os nossos povos: na economia, no emprego, na segurança, agricultura, água, indústria, em qualquer domínio humano.”