“PREOCUPAÇÃO”
1975
A semente é boa. Mas nem sempre a terra é fértil.
O binômio, semente terra se constitui na
equação a ser resolvida pelo semeador persistente e cheio de fé.
É bem verdade que a missão é semear; mas a
maior alegria do semeador é quando suas sementes caem em terra fértil.
Ao contrário, se entristece quando caem nos
espinheiros.
Daí, “Preocupação”, uma poesia de FREI DANILO
MARQUES, Diretor e preletor dos seminaristas em Luzerna 1974/75 e que pela primeira vez, depois de 43 anos vem à lume:
“Olhai os lírios do campo... Olhai e vede que
a messe já está madura... Senhor, vós vos preocupastes com os campos, com as
sementes, com as flores, com a messe. Conheceis os riscos que corre o semeador.
Sabeis dos cuidados que exige cada flor. Como pudestes confiar a mim os
cuidados deste jardim? Como cuidar de um canteiro, se nunca fui jardineiro?
Ajudai-me, Senhor, a aplainar o terreno,
escolher as sementes, conhecer as espécies. Senhor, como saber se algum verme
rói o bulbo do lírio? Se as raízes do craveiro estão sadias? Se a medula do
jasmineiro está perfeita? Se existe erva daninha? Vós, mesmo, dissestes que não
se deve arrancar o joio, mas deixá-lo crescer junto ao trigo... Porém, neste
jardim, poderei agir assim? Será possível Senhor, deixar crescer junto a flor a
erva perniciosa?
E a incerteza desditosa põe minha alma em polvorosa.
E a incerteza desditosa põe minha alma em polvorosa.
E eu cavo... e rego... e lido... e podo... e
mudo... mas, vem as aves, surgem macegas, chegam formigas, crescem abrolhos e
estragam tudo... E eu brado... e peço... e insisto... e imploro... e busco...
pois eu confio, Senhor, confio em Vosso Amor; Deixai cair vosso orvalho; Mandai
o sol benfazejo; Não falte a chuva fininha; Tirai a erva daninha.
E,
depois de tudo isto, ó meu Senhor Jesus Cristo, dizei-me das minhas plantas,
oh, quantas? Dizei-me, quantas vão florir e vicejar, um dia, no vosso altar?”
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