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Frei Dionísio e os famosos fichários de sua vasta bibliografia: riqueza franciscana.
“Por toda a parte surgem sintomas que sinalizam grandes devastações no planeta Terra e na humanidade. O projeto de crescimento material ilimitado, mundialmente integrado, sacrifica 2/3 da humanidade, extenua recursos da Terra e compromete o futuro das gerações vindouras. Encontramo-nos no limiar de bifurcações fenomenais. Qual é o limite de suportabilidade do super-organismo Terra? Estamos a rumar na direção de uma civilização do caos?” Esta questão, colocada por Leonardo Boff em “Saber Cuidar. Ética do Humano. Compaixão pela Terra”, Editora Vozes, 1999, abre início às aulas de Ecoteologia de Frei Dionisio Ricieri Morás.
O franciscano não pouca críticas ao projeto de desenvolvimento sustentável e economia verde defendido pela Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável (Rio+20) como reflexo capitalista que visa sobreviver com um modêlo “cabresteado pelos interesses do agronegócio, indústria e comércio”. Segundo ele, o centro ideológico de discussão coloca interesses voltados à “produtividade”, sem se preocupar com algumas questões básicas, a saber: 1 – Pouco se importa com a conservação e recuperação das áreas utilizadas pelo agronegócio o qual, com a indústria e comércio criaram e impuseram uma cultura consumista que está acabando com a terra; 2 - Não percebe que a fome não é consequência da falta de alimentos, mas sim de má gestão na produção e distribuição (20% dos mais ricos consomem 80% dos alimentos disponíveis); 3 - Destina alimentos para produção de combustível (matérias agrícolas como plantas oleaginosas entre elas a soja, milho, beterraba, cana-de-açucar e biomassa florestal); 4 – Incentiva o disperdício e má utilização de alimentos que viram montanhas de lixo.
Diante destas questões conclama a que busquemos posição e nos perguntemos: Podemos viver com menos, com o apenas necessário? Não deveria haver disponibilidade mais equitativa de alimentos? É só dinheiro e gordura sob a pele que proporciona felicidade? Qual a compreensão atual sobre o ser humano e como ele está se relacionando com a ecologia? Com sua barba branca, ironia refinada e inteligência aguçada, Frei Dionisio Ricieri Morás, aluno de teologia do concordiense Leonardo Boff (com quem fisionomicamente se parece) afirma, parodiando seu professor que, no andar do atual ritmo de destruição da terra, o fim da humanidade poderá ser vivenciado já por esta geração e certamente não passará da próxima. Tudo por culpa “de vários seres humanos que criaram uma máquina de morte com armas nucleares, químicas e biológicas, capazes de eliminar a vida humana por vinte e cinco formas diferentes...”.(Leonardo Boff). Segundo Frei Dionísio Ricieri Morás, a teologia tem respostas para todas essas questões, núcleo central de suas palestras que conclamam os ouvintes a “criarem uma acumulação de consciência crítica cristã e ecológica”.
Para ele, o Forum Mundial Temático e Cúpula dos Povos tem muito mais a dizer sobre vida do que conferências capitalistas que visam tão somente a sobrevivência de um modêlo econômico consumista e mortífero.
Pensamento da semana: “É preciso comer para viver e não viver para comer.” Frei Tarcísio Theeis, Luzerna, Seminário, fev. 1972.
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