sexta-feira, 22 de abril de 2011

CHEGADA AO SEMINÁRIO

Na extremidade do morro terminava o paralelepípedo e surgia uma estrada de terra esburacada e poeirenta que fazia o percurso Luzerna-Videira. No lado esquerdo erguia-se, reluzente, o hospital de madeira da vila, orientado pelas caridosas irmãs religiosas. Não deu para pensar muito, pois o coração pulou no peito de alegria;

O sol vespertino refletia nas paredes da enorme construção, espelhando seus raios de luz que vinham dar boas vindas. Parecia mais um sonho ou uma pintura de parede, aquele imenso lugar plano, com quadras de esportes, piscina, flores dos mais diversos matizes, árvores frondosas, o prédio cor-de-vinho e as encostas onduladas dos morros, ao fundo, subindo até uns coqueiros encima nas roças de milho, abanando ao vento suave e quente do verão. Era meio da tarde de um dia do mês de fevereiro de 1972.

Um seminarista veterano veio dar as boas vindas. Escolhi um armário nos fundos da rouparia. A mãe ajudou arrumar a cama, última no imenso dormitório do terceiro andar. Fiquei entusiasmado com o salão, todo iluminado, espaçoso e limpo, com cento e trinta camas bem conservadas, perfiladas em quatro filas por mais de cem metros. Por ali todos estavam contentes, rindo solto.

Após o final da tarde a mãe partiu e fiquei ali, hirto, plantado no centro do jardim, como uma flor murcha. Lá de cima vinha solto o barulho das gargalhadas... Vi o veículo com minha mãe sumir após o campo de futebol e passei a observar, meditabundo, o gado pastando placidamente num potreiro situado ao lado direito da estrada.

Sozinho, mecanicamente, vou vendo com curiosidade, o novo cenário da vida; o hálito quente da tarde, o perfume das rosas num canteiro e o dia passando sobre o verde do gramado e a escadaria externa, colorida. Daqui vejo melhor o potreiro. As vacas mugem, e andam lentamente em direção ao curral branco, amarelado. O som do sino da igreja de Luzerna me acorda e sinto que treme, manso pelas montanhas além do rio do Peixe, ecoando pelos morros que sobem em direção das nuvens do anoitecer, entristecendo os bois que permanecem encravados no verde circundado por uma imensa cerca de arame farpado.

O sol agoniza no mato, acima da vila. O vermelho das nuvens se mistura ao amarelo dos milharais já colhidos e, numa casinha, no cume de uma encosta, acima da vila de Luzerna, uma luzinha se acende.

FOTOS DA ÉPOCA COM ANOTAÇÕES




Turma do Barulho











Um comentário:

Gelso J matiello disse...

Faço parte desse grupo. Gelso Justino Matiello, 1973/1976, contato matiello@brturbo.com.br.