Cesar Techio
Economista – Advogado
Como identificar um perfil doentio ou criminoso na esfera das relações humanas?
Não é matéria fácil, pois até em casamentos somente se descobre o bandido
quando ele ou ela já estão entranhados dentro da família. Todavia, alguns
aspectos do comportamento podem indicar o alto risco que envolve um contato com
criminosos ou doentes bem vestidos e falantes. O conteúdo de bilhetes entregues
a meninas na Praça de Alimentação de um shopping aqui da cidade, entre as 19 e
20hs, ao serem superficialmente analisados demonstram, de plano, uma estratégia
bem pensada, por um elemento cuja foto foi parar no meu Face.
Para uma menina com apenas 11 anos de idade (acompanhada por outras que
lanchavam) escreveu em letras maiúsculas e sublinhadas, o seguinte: ”ACHEI VOCÊ
LINDA. UMA MULHER IGUAL VOCÊ DEVERA SER ELOGIADA TODOS OS DIAS, RECONQUISTADA
TODAS AS MANHÃS. DE MANEIRAS DIFERENTES. ARRISQUE ! (032)
8419-3886 ZAP ZAP. LUCAS: SOU MÉDICO.
AGUARDO SEU RETORNO. APENAS PARA CONVERSAR. CONFIE.” Outro
bilhete: “NÃO CONHEÇO NINGUÉM NA CIDADE. GOSTARIA DE FAZER NOVAS AMIZADES. CONFIE!
ME ADICIONE NO WTZAPP. CHEGUEI A CIDADE HÁ DUAS SEMANAS. ESTOU COM
DIFICULDADES PARA ARRUMAR AMIGOS. PODEMOS SER AMIGOS? COM TODO RESPEITO!”
Ao ser abordado, justificou dizendo que se equivocou com relação a idade
da menina e que havia pedido desculpas. Mais tarde, tendo permanecido no local,
investiu novamente contra outra menor e escreveu: ”UMA MULHER IGUAL A VOCÊ
DEVERIA SER ELOGIADA TODOS OS DIAS, RECONQUISTADA TODAS AS MANHAS, DE MANEIRAS
DIFERENTES. EU NÃO MEDIRIA ESFORÇOS PRA COLOCAR UM SORRISO EM SEU ROSTO TODOS
OS DIAS. ARRISQUE! AGUARDO SUA RESPOSTA AO MENOS P/ SERMOS
AMIGOS. (032) 84193886 ZAP ZAP. CONFIE!”
Como se vê, tratou-se de uma ação continuada, sistemática e com os mesmos
argumentos, o que invalida a justificativa de que, no primeiro caso, não havia
percebido se tratarem de meninas recém-egressas da fase impúbere. Como “médico”
é evidente que possui condições para avaliar a idade de uma pessoa. Segundo:
forneceu o nome falso, pois conforme veio a tona, o nome verdadeiro é outro, de
um “médico” contratado por um município vizinho (CRM Mato Grosso do Sul). Terceiro: enquanto as
meninas trocaram de mesa para se livrarem do assédio, após o instarem para que
se afastasse, desrespeitou o “chega prá lá” e também se mudou para a mesa ao
lado, insistindo nos questionamentos. Quarto: Quando elas correram para
fora da praça de alimentação, após uma delas chorar, as seguiu até certo ponto.
Quinto: Depois de abordado por um pai, prosseguiu tranquilo em sua
estratégia, enviando bilhete para outra pré-adolescente, a tal ponto de uma
senhora se obrigar a chamar a segurança do shopping e a polícia. Um policial a
paisana o retirou do local e, após revista do veículo, o dispensou. Sexto:
Em seu whatsapp estava escrito: “Eterna Anne Frank (1930-1945). Que você seja
uma grande fonte de ajuda e conforto nos dias de hoje.” Ora, quem foi Anne
Frank? Foi uma adolescente alemã de origem judaica, vítima do Holocausto, que
morreu aos quinze anos de idade num campo de concentração. E em que sua memória
poderia nos trazer de ajuda e conforto nos dias de hoje? Ou seria ajuda para o
elemento? As palavras “arrisque”, “confie” “sou médico”,
são emblemáticas, usadas como parte de uma estratégia psicológica para que o
interlocutor “abaixe a guarda” e esqueça todas as recomendações dos pais,
professores e amigos.
O quadro emoldurado pelo elemento demonstrou ausência de coragem para enfrentar
e conquistar mulheres adultas e uma atração sexual por meninas em início da
puberdade, além do que, aflorou sua intenção de permanecer anônimo com a
utilização de nome falso. O que faria o tal de “Dr. Lucas”, se uma menina
incauta topasse sair com ele? Um médico tem pleno conhecimento de como
imobilizar quimicamente uma eventual vítima. Os fatos autorizam questionamentos
tais como: Ele faz parte de uma quadrilha? É um pervertido sexual? Utiliza a
profissão como fachada? A polícia deve prosseguir na investigação,
buscando em todo o Estado e região, imagens do movimento do veículo utilizado
por ele, um Peugeot preto placa KPO 8512 de Petrópolis - RJ e de todas as
ligações e mensagens do “zap zap” oriundas do numero do celular de Minas
Gerais.
Pensamento da semana: Não confie. Não arrisque.