quinta-feira, 30 de junho de 2011

FREI RUI DEPINÉ







Após trinta anos, me reencontrei com o magnífico Frei Rui Depiné na Igreja Bom Jesus em Curitiba. Há 33 anos exerce um santo sacerdócio em favor dos leprosos (anseníase) no Leprosário São Roque, em Piraquara - PR. Sua santidade em vida é pública e notória desde os primeiros anos de sacerdócio. Inteligente e profundamente amoroso com as pessoas, é vigoroso na caridade e em suas pregações. Na foto, acompanhei um emocionante batismo no sábado, dia 25 de junho de 2011.

O privilégio do catecumeno, agora cristão, e de seus pais, familiares e padrinhos por terem escolhido o Frei Rui para a cerimônia, é imensurável. De fato, a igreja elege santos que nos são referência, entretanto, ao observar a vida de Frei Rui Depiné tenho plena convicção do quanto ele se assemelha a São Francisco de Assis e a outros santos, seus confrades mais famosos. Assim, se alguém quiser conhecer um SANTO EM VIDA, é só conhecer o Frei Rui.

Veja o que diz AQUINALDO AP. CAMPOS, no site da Província Imaculada Conceição do Brasil (http://www.franciscanos.org.br/v3/hanseniase/noticias/especiais/2010/vilavelha/) sobre o Frei Rui:


Curitiba (PR) - De longe se percebe a cabeleira branca, os passos agitados, ágeis e determinados. Frei Rui Depiné é desses homens cujo olhar expressa a clareza daquilo que quer: cuidar dos doentes do “Leprosário São Roque” ou “Colônia São Roque” de Piraquara, na grande Curitiba. A isso ele dedicou toda a sua vida.

Entre muitas histórias que conta dessa longa caminhada de ajuda, no corpo a corpo com os doentes, com voz transparente e pausas que lhe conferem um acento muito peculiar, ele costuma narrar a história de um homem que vivia na Amazônia, em plena floresta e que foi trazido para tratamento. Esse homem sofria demais por causa das deformidades causadas pela Hanseníase. Depois de algum tempo na Colônia, sendo tratado por Frei Rui e pelas enfermeiras, uma certa noite o frade acordou sobressaltado: alguém batia fortemente na porta. Frei Rui se levantou e foi ver quem e o que era. O homem, apesar do sofrimento pelas seqüelas da doença, sorria. Indagado sobre o que queria àquela hora, ele disse que tinha uma preocupação que ninguém até aquele dia conseguira ajudá-lo a resolver: disse que sentia muita falta de casa e da floresta amazônica e emendou: “Frei Rui, o senhor sabe quantas estrelas tem no céu?”. Com sua forma franca e acolhedora de se expressar, o frade respondeu que ninguém jamais lhe havia feito tal pergunta: “Olha, eu não sei... mas desconfio que é uma coisa que a gente pode saber. Vamos contar juntos? Eu desenho uma cruz, assim, no céu, você conta as estrelas do lado direito e eu do lado esquerdo.” Terminada a contagem, Frei Rui somou as estrelas que ambos tinham contado e disse ao homem: “Bom, agora, é só pensar o seguinte: o universo deve ter quatro vezes esses tamanho que a gente contou, então, o céu deve ter uns 20 milhões de estrelas. Tá bom assim?” Seus olhos azuis, muito límpidos, encaravam o sujeito que lhe disse: “Tá bom. Eu estou muito feliz porque, pela primeira vez na vida, alguém teve tempo para me dizer o que eu sempre quis saber.

terça-feira, 28 de junho de 2011

Darcílio Luiz Fauro

Cesar,

Primeiramente, parabéns pelo seu trabalho no sentido de tentar conectar com os seminaristas do passado.

Estive no seminário de Luzerna nos anos 1964/1965. Em Rio Negro em 1966 e depois Luzerna novamente em 1967. Foi meu último ano de seminário.

Moro há muitos anos na cidade de Pato Branco onde resido até hoje. Sou originalmente de Concórdia onde ainda reside grande parte da minha família e estudei por alguns anos, trabalhei na Auto Mecânica Indústria Ltda. Agência Ford. Lá havia também um senhor muito simpático de nome Santo Techio. Seria seu parente?

Tenho vários amigos aqui em Pato Branco que foram meus conterrâneos do seminário, na próxima comunicação declinarei os nomes.

Por hoje é isso.

Grande abraço a você

Seja feliz!


Darcílio Luiz Fauro

quarta-feira, 1 de junho de 2011

IGREJAS: NÃO SÓ DE PÃO VIVE O HOMEM

Cesar Techio
Economista – Advogado - cesartechio@gmail.com
Veja também em cesartechio@blogspot.com

São valiosas as preleções de Leonardo Boff em favor da vida, da justiça e do planeta terra. Como ex-professor de teologia de meus ex-colegas seminaristas, intensificou uma linha de pregação voltada a teologia da libertação, na qual, a dignidade da pessoa humana deve obrigatoriamente ser a pedra angular de toda a construção teológica. E tem razão. Jesus não veio a terra para fazer turismo, senão, teve como centro de suas atenções, de seu esforço e sacrifício na cruz, o homem. Jesus veio para salvar o homem. A partir desta realidade, não se cansa de criticar, acidamente, as orientações teológicas e de política religiosa adotadas pelo atual Papa Ratzinger, ex-prefeito da Congregação para Assuntos da Fé, posto usado durante a idade média pelo comando inquisitorial que durante quase um milênio, espalhou terror pelo mundo, matando inocentes em nome da fé. Ratzinger, seu professor no doutorado, em Roma, lhe impôs “silêncio obsequioso”, durante o auge da pregação da teologia da libertação, o que redundou no seu desembarque da ordem franciscana. A liberdade de manifestação falou mais alto ao apóstolo franciscano. Partindo deste quadro, não me parece que Jesus Cristo teve planos para criar congregações ou igrejas na forma das que conhecemos hoje: condicionadoras, impositivas, estruturadas em torno do dinheiro dos fiéis, pecúnia nem sempre aplicada em projetos de caridade.

A verdade é que Leonardo Boff, na condição de teólogo e sacerdote romano, caiu fora dos condicionamentos absurdos que a igreja católica lhe impunha e hoje é um cristão realizado e feliz. Creio que uma pessoa feliz não precisa saber nada sobre teologia. Sua felicidade pode ser tão plena que ela não tem qualquer necessidade de barganhar com Deus, pedindo isso ou aquilo ou orar por bens materiais, poder, influência, dinheiro, saúde... Na providência divina precisamos apenas ter certeza. A certeza em Deus corta pela raiz o negócio dos vendilhões dos templos e gera profunda felicidade, geradora de gratidão, compaixão e caridade. Constituídas por pessoas, as igrejas que não possuem compromisso sério com projetos sociais, humanitários e de caridade também não podem ser levadas a sério. O dízimo bíblico não pode servir apenas para enriquecer ou mesmo para manter as igrejas e seus líderes, mas, boa parte dele, para a criação e execução de projetos voltados ao resgate da dignidade dos próprios fiéis e das pessoas carentes e miseráveis.

A desculpa de que isso é responsabilidade exclusiva do Poder Público não é cristão nem biblicamente aceitável. Leonardo Boff olhou para a sua igreja, viu a coisa toda e caiu fora sem fazer barulho. É isso que eu recomendo a você. Olhe para a sua igreja. Investigue o compromisso que ela tem com o ser humano, quais os projetos sociais e de caridade que ela possui. Veja se os princípios cristãos são vividos na prática pela própria igreja, pois em primeiro lugar é ela e seus líderes quem devem dar o exemplo. Quando Jesus disse que o homem não pode viver só de pão, também quis dizer que o homem também necessita de pão para viver. Sempre é bom lembrar que a Obra do Senhor é a sua igreja, que somos todos nós: "Não sabeis vós que sois templo de Deus, e que o Espírito de Deus habita em vós? (1 Co 3.16). Assim, se somos Templo do Espírito Santo, é justo que o dinheiro do dízimo das igrejas também sejam destinados à Obra, que em última instância se constitui na Obra Viva, ou seja, nos próprios fiéis, especialmente os necessitados: “O que fizerdes ao menor dos meus irmãos, a mim o fazeis”. (Mt 25,40). Se na sua igreja (seja qual for) não existem projetos humanitários e de caridade, caia fora sem fazer barulho. Busque viver os princípios cristãos consigo mesmo e engaje-se em comunidades que vivem um cristianismo autêntico. Pense nisso.

Pensamento da semana: “Louvai e bendizei ao meu Senhor. E dai-lhe graças. E servi-o com grande humildade”. Francisco de Assis.